O Aventar publica um gráfico que arrasa o argumento de que o salário mínimo garantido seria o principal causador do desemprego.
Este argumento é um dos erros clássico do liberalismo desde os tempos da iron law de David Ricardo, desenvolvida logo nos primeiros anos do século XIX. É esta teoria que está na base do Poor Act de 1834, que partia do pressuposto que a assistência aos pobres convidava os trabalhadores a dedicarem-se à indigência. Está claro que, nos cem anos seguintes, esta teoria foi sendo destruída, inclusive por alguns capitalistas.
Quase dois séculos depois dos erros dos liberais clássicos, Merkel vem repetir a mesma fórmula, sugerindo que a extinção do salário mínimo resolveria o problema do desemprego, e parece que há muitos a defender este ponto de vista. Passos Coelho, por exemplo, utilizou este argumento quando rejeitou o aumento do salário mínimo. Ainda na semana passada, um dos neoliberais que enxameiam as páginas do Público recuperava documentos medievais para defender que os portugueses sempre preferiram a esmola ao trabalho. É frequente ouvirmos empresários incompetentes a clamarem contra o rendimento mínimo ou mesmo o subsídio de desemprego. E ontem, Henrique Raposo um dos menos iluminados cronistas neoliberais, rejubilava com a hipótese do Fundão se transformar numa Bombaim do outsourcing, esquecendo que a cidade indiana é conhecida pela sua profunda desigualdade social, pelos bairros da lata e pelos miúdos de rua.
Em suma, o Liberalismo sempre proliferou em ambientes em que a estupidez impera.