Ministro Poiares Maduro diz que RTP2 "não tem coerência e identidade própria" (Público)
Não é preciso pensar muito para perceber que a RPT2 tem neste momento um
orçamento a rondar o zero.
É surpreendente que ainda assim se consiga manter em funcionamento, mas é
ainda mais surpreendente que um governante pense que uma estação sem
financiamento e a viver de reposições consegue manter qualquer tipo de
coerência ou identidade.
Para justificar o seu comentário, Poiares Maduros recorre, como já é
habitual, à versão Marketeer da inteligência saloia. Um exemplo
desta tendência crónica do ministro é quando comenta que há "várias
televisões dentro de uma televisão", o que, não sendo falso, corresponde
à própria definição de canal generalista. É precisamente por isto que
muitos espectadores acabaram por migrar para o cabo, um fenómeno que
afecta todos os canais generalistas do mundo. De qualquer forma, um
canal que si destine a minorias - no plural - terá sempre que assentar
numa programação extremamente diversificada.
As asneiras do ministro da tutela não se ficam por aqui e o seu
comentário sobre a necessidade de repensar a obrigação da RTP de
fomentar a produção audiovisual, fazendo-a depender de a estação ser um
produtor ou um distribuidor de conteúdos, é no mínimo anedótico. O
ministro esquece-se que fomentar o audiovisual passa também por encomendar
ou estar aberto a propostas de conteúdos das produtoras nacionais. É
claro que para isto teria que dotar a RTP de um orçamento minimamente
aceitável e ele está neste posto para a vender, alugar ou deixar à beira
da liquidação, e não propriamente para a tutelar.